sábado, 26 de setembro de 2009
Gerês
Estou convicto que
sentado naquela rocha esteve Deus
inspirado
durante dias
laborou
criou
pelo instinto dos animais
deu-te astúcia e rebeldia
por cada planta
à mão
fiou o teu cabelo
pelas montanhas
sensatez e honra
por cada gota do rio
criou um sinónimo à tua beleza
Orlando Monteiro
sentado naquela rocha esteve Deus
inspirado
durante dias
laborou
criou
pelo instinto dos animais
deu-te astúcia e rebeldia
por cada planta
à mão
fiou o teu cabelo
pelas montanhas
sensatez e honra
por cada gota do rio
criou um sinónimo à tua beleza
Orlando Monteiro
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Eu sei e você sabe
Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.
Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!
Vinicius de Moraes
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.
Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!
Vinicius de Moraes
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Em toda a noite o sono não veio. Agora
Em toda a noite o sono não veio. Agora
Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
Que faço eu no mundo?
Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
Coisa séria ou vã.
Com olhos tontos da febre vã da vigília
Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
Do mundo e da dor –
Um dia igual aos outros, da eterna família
De serem assim.
Nem o símbolo ao menos vale, a significação
Da manhã que vem
Saindo lenta da própria essência da noite que era,
Para quem,
Por tantas vezes ter sempre sperado em vão,
Já nada spera.
Fernando Pessoa
(Athena, nº 3, Dezembro de 1924)
Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
Que faço eu no mundo?
Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
Coisa séria ou vã.
Com olhos tontos da febre vã da vigília
Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
Do mundo e da dor –
Um dia igual aos outros, da eterna família
De serem assim.
Nem o símbolo ao menos vale, a significação
Da manhã que vem
Saindo lenta da própria essência da noite que era,
Para quem,
Por tantas vezes ter sempre sperado em vão,
Já nada spera.
Fernando Pessoa
(Athena, nº 3, Dezembro de 1924)
terça-feira, 15 de setembro de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Terror de te amar
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Sophia de Mello Breyner Andresen
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Sophia de Mello Breyner Andresen
Desencanto
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira
segunda-feira, 8 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
“O Desespero segundo Søren Kierkegaard”
Continuam a existir
escolhas
fé
uma única vida
angustia da decisão
consequências
trajecto
erros
e o desespero
Orlando Monteiro
escolhas
fé
uma única vida
angustia da decisão
consequências
trajecto
erros
e o desespero
Orlando Monteiro
sábado, 23 de maio de 2009
1 Ano
Faz este mês uma ano que foi editado o livro "Emoções Turvas".
A todos que o leram o meu muito obrigado
Orlando Monteiro
Nota: Podem ter acesso ao livo nos links abaixo, mas por favor só comprem se não tiverem mesmo mais nada em que gastar dinheiro:
http://www.corposeditora.com/site/mostra_obra.asp?idcoleccao=29&idobra=374
ou
http://www.worldartfriends.com/store/35-emocoes-turvas.html
sábado, 16 de maio de 2009
sábado, 18 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
sábado, 31 de janeiro de 2009
Oração
Roguei à Rainha
que auxilie a travessia
do teu Progenitor
que te oriente
proteja
dialogue
findando os monólogos
que arrancavam as raízes uma por uma
que a vista reconheça novamente
a criança que corria de júbilo
não haverá perfume no ar
os ramos não se ostentarão
apenas o pútrido
efectivamente
dissimulação absente
Orlando Monteiro
que auxilie a travessia
do teu Progenitor
que te oriente
proteja
dialogue
findando os monólogos
que arrancavam as raízes uma por uma
que a vista reconheça novamente
a criança que corria de júbilo
não haverá perfume no ar
os ramos não se ostentarão
apenas o pútrido
efectivamente
dissimulação absente
Orlando Monteiro
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Carlos Drummond de Andrade - Ausência
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
domingo, 25 de janeiro de 2009
A BESTA
Besta sem rebanho
liderança consentida, tolerada
fosco, mesquinho, mísero
de bicos de pés aspira, iludido, coitado
a agressividade sonha que governa
um rato que se julga gato
engana-se o fraco
pele de lobo adoentado
som dos cascos
ignorância amante da brutalidade
batuta profanada
egoísmo e orgulho demente
aqueles que crês teus aliados
irão cravar-te de chagas
fantoche ridículo, palhaço
verme nojento, asno
Orlando Monteiro in Emoçôes Turvas,2008
liderança consentida, tolerada
fosco, mesquinho, mísero
de bicos de pés aspira, iludido, coitado
a agressividade sonha que governa
um rato que se julga gato
engana-se o fraco
pele de lobo adoentado
som dos cascos
ignorância amante da brutalidade
batuta profanada
egoísmo e orgulho demente
aqueles que crês teus aliados
irão cravar-te de chagas
fantoche ridículo, palhaço
verme nojento, asno
Orlando Monteiro in Emoçôes Turvas,2008
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Voo
Transitou em julgado
que queria voar
nunca quis
fui impelido
nunca desabrocharam
inerte
sonhei com a água
carregada de mel e amabilidade
depois a teus olhos
espinhos venenosos
tentáculos a nascer por todo o meu ser
Satan personificado
oh Supremo
os turbilhões amargurados
as ondas furiosa a bater no cais
sublevaste miope
Orlando Monteiro
que queria voar
nunca quis
fui impelido
nunca desabrocharam
inerte
sonhei com a água
carregada de mel e amabilidade
depois a teus olhos
espinhos venenosos
tentáculos a nascer por todo o meu ser
Satan personificado
oh Supremo
os turbilhões amargurados
as ondas furiosa a bater no cais
sublevaste miope
Orlando Monteiro
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
domingo, 11 de janeiro de 2009
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
sábado, 3 de janeiro de 2009
Maria Teresa Horta - Um outro tanto
Não sei como consigo
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de um jeito tal que desconhecia
poder amar-te ainda
um outro tanto
Maria Teresa Horta
in "Inquietude" quasi
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de um jeito tal que desconhecia
poder amar-te ainda
um outro tanto
Maria Teresa Horta
in "Inquietude" quasi
Fernando Pessoa - Sou um evadido.
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Fernando Pessoa
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Fernando Pessoa
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