Corcel alado negro
de cascos incisivos
lúgubre asfixiante
dizima o prado
plantado pela mais pura pomba branca
que ao bater asas
espalhava sonhos
florescendo o horizonte
hoje pós-ceifa jazo
já não choro dentro
não sufoco desculpas
não vivo mas não sofro
abalas-me no meu sono
praguejando acusações
pune quem cega esses olhos de criança
e deixa-me voltar a adormecer
Orlando Monteiro